Todas as tuas cores, amores e dores.
- Maiana Pereira
- 30 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
O que te traz até aqui? O que trouxe até aqui? Parece que me repito e espero que você entenda até o fim desse post que não, embora eu esteja falando de coisas complementares.

Você está em uma página sobre psicologia e imagino que se você chegou até aqui deve ter um interesse em particular sobre o tema ou tem pensado se precisa da ajuda de uma psicóloga. Para aqueles que buscam ajuda psicológica existem algumas dúvidas: será que é para mim? como saber que estou nas mãos de uma profissional adequada? o que eu vou encontrar nesse lugar?
Respondendo a primeira pergunta: é possível que se você tem pensado com frequência que gostaria (ou que precisa iniciar um acompanhamento terapêutico) esse seja sim o momento de procurar. Todos temos conflitos, questões, coisas que sabemos e coisas que ignoramos sobre nós. Pensar muito em procurar ajuda sinaliza que talvez você não esteja dando conta sozinho e isso não é o problema, é uma solução. Não fomos feitos para vivermos sozinhos e talvez seja por isso que é tão difícil dar conta da vida sem ajuda dos outros. Em uma vida cabe um mundo e um mundo é pesado demais para um só carregar.
Terapia é esse local em que chegamos procurando algo que tem nos faltado ou algo que já tentamos fazer e que nos fez sentir que falhamos. Essa procura vem de dois lugares: da tua história (o que te trouxe) e de questões que existem atualmente (o que te traz). Ambas estão relacionadas, mas passado e presente pertencem a contextos diferentes e aprender a ler as distinções entre eles pode fazer a diferença entre decidir continuar ou mudar a maneira como agimos. De todo jeito desenvolver mais autoconhecimento gera uma mudança na nossa perspectiva e isso reflete não só na ação, mas também na maneira como pensamos. É um lugar delicado e que deve ser reservado a companheiros de confiança, profissionais éticos que nos auxiliam nesse caminho.
Então, como saber que o profissional é ético? Primeiro, observe a postura dele. Existem preceitos que fazem parte e que são esperados de um psicólogo. Essas informações constam em nosso código de ética. A boa psicóloga não é a que concorda com tudo que você tem a dizer, mas aquela que posicionando-se de uma forma acolhedora está ali para te ouvir como uma audiência não-punitiva. Ela estará ali para te ouvir e te acompanhar na vida que faz mais sentido para você, para seus valores e para tua relação com a comunidade. Mais importante: você pode falar sobre como se sente em relação à ela. E juntos podem ir aprendendo como se relacionar e como confiar um no outro.
Tudo que sentimos tem uma razão de existir e o que sentimos não é o que causa nossos problemas. Sentimentos representam apenas uma forma do teu corpo chamar atenção para que você cuide dele. Podemos encarar nossos sentimentos como um problema quando: (1) não temos um lugar seguro para vivenciarmos eles, (2) não podemos expressá-los na intensidade que os sentimos; ou (3) não podemos expressá-los na frequência que sentimos necessidade. A terapia pode ser esse local em que você alcança essas três necessidades.
Talvez você não consiga sentir que o lugar (e a tua psicóloga) são seguros de imediato. É por isso que costumo pedir um voto de confiança, você só precisa confiar em mim uma sessão por vez. E juntos vamos construindo essa esperança e confiança. Gosto de um poema de Carlos Drummond de Andrade em que ele diz: "Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer (...) E tudo é proibido. Então, falamos.". Se as palavras não-ditas que se prendem na tua garganta te parecem proibidas, te engasgam e te fazem sofrer: nós falamos. Aqui você é bem-vinda(o). Com todas as tuas histórias, cores, amores e dores.

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